quarta-feira, 8 de julho de 2009

John Cage, ou...

John Cage era um micologista. Também era filósofo, poeta, gravurista, escritor, colecionador de cogumelos e, contrariando a opinião de alguns, compositor.

Foi aluno de Schoenberg e Henry Cowell, percorreu a América com a Companhia de Dança de Merce Cunninham, e fez parte do grupo internacional e multidisciplinar de artistas "Fluxus" (pertenceram a esta rede George Maciunas, Yoko Ono e György Ligeti).
Segundo seu próprio mestre, Arnold Schoenberg, Cage não era um compositor, mas um gênio-inventor. Sem contradizer esta afirmação e como também estava em sintonia com sua época (nasceu em 1912 e morreu em 1992), Cage gostava de criar métodos: pela influência do Zen Budismo e o Taoísmo, concebeu uma forma de compor através do acaso dos resultados de um jogo de moedas e de um programa de computador com operações randômicas relacionadas ao I Ching; pela influência das novas tecnologias compôs uma peça que utilizava cinquenta e duas fitas com sons gerados por computador, sete cravos e a projeção de 6.400 fotos de desenhos fornecidos pela NASA, mostrados a partir de sessenta e quatro projetores de slides; utilizando o conceito do circo, elaborou a peça Musicircus, onde simultaneamente vários músicos - ou não músicos - se reúnem em um grande espaço e em diversas posições para, em períodos determinados ou não, tocar diferentes peças musicais, ou não (!!!).
Seus trabalhos variam entre o silêncio total de 4'33" - uma peça em que nenhum instrumento é tocado, em 3 movimentos - e belas composições como In a Landscape, onde uma melodia simples é interpretada com o pedal do piano abaixado, criando uma harmonia singela.
Mas a característica mais marcante de seus trabalhos é a sua defesa de um maior ou menor grau de indeterminação, seja na composição, seja na execução de suas obras. Para ele, o compositor é um "agenciador" de acasos sonoros.
Para perceber o efeito destes acasos na execução de sua música, é interessante ouvir a Sonata V para piano preparado, tocada por músicos diferentes em momentos diferentes e, "preparos" diferentes, e sentir o resultado. Nesta peça, o piano recebe antes um "preparo" especial, com parafusos, tiras de borracha e outros objetos entre suas cordas. A forma de preparo não é preestabelecida. Cada intérprete faz o seu, como melhor lhe parecer.


Um comentário:

  1. Fui ao concerto que você indicou. Excelente. O melhor momento da noite, para mim, foi Ravel. Abraços!

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