domingo, 4 de outubro de 2009

Music for 18 Musicians


Há muito tempo que venho adiando a publicação deste texto. Havia adiado não só a sua finalização em rascunho, como também, mesmo quase terminada, a sua postagem no blog. Existem dois motivos principais para isso, sendo que um deles é de caráter puramente estrutural. Antes de publicar uma postagem sobre um assunto que é muito importante para mim, eu diria até fundamental, preciso lapidá-lo bastante para que a mensagem possa valorizar este conteúdo. O outro motivo é que, no meu ponto de vista, a obra sobre a qual o texto se refere é tão crucial para a música contemporânea, que qualquer outro texto publicado neste espaço sobre outra música correria o sério risco de não ter mais importância. Ela é o tema central do próprio blog, ela é o filé mignon, a cereja do bolo.

Music for 18 Musicians é a representação sonora mais próxima de nossa maneira de ver o mundo no nosso tempo, da nossa forma de encarar a vida. Não acho que seja exagero. Esta obra é urbana e bucólica, é materialista e transcendental, é tudo ao mesmo tempo. Foi escrita ainda na década de 70, e se mantém atual, sempre. Ainda acredito que seja uma destas obras universais, que não tem prazo de validade. Quando Steve Reich quis compor esta sua primeira peça com uma quantidade maior de instrumentos, percussivos, cordas e sopros, talvez não soubesse que estava criando uma obra que é o paradigma de muitas das composições que iriam surgir de si mesmo, de Philip Glass (que certamente foi profundamente influenciado por ela, e serviu de inspiração para muitas de suas obras que entraram para o mainstream), e de outra penca de novos autores contemporâneos, e compositores pop como Mike Oldfield (Tubular Bells).

Em um primeiro momento, encarar uma única peça sem um tema aparentemente não definido, com duração de quase 60 minutos (algumas versões ultrapassam este limite) e acordes longos que se intercalam constantemente, pode ser uma experiência "maçante" e difícil. Mas a dinâmica da música pede outra escuta, que, na verdade, é fácil, prazerosa e fluída.

"Música para 18 músicos" não é uma obra difícil. Ela espelha a sequência de eventos que experimentamos no nosso dia-a-dia. Ela acompanha a dinâmica dos acontecimentos com os quais nos deparamos durante a nossa jornada diária, durante o sono e durante os nossos devaneios mais profundos.

Ela é a trilha dos nossos movimentos. Durante quase um ano, por uma preguiça voluntariosa, mantive o mesmo CD com esta música no aparelho do meu automóvel, servindo de trilha para tudo o que eu fazia na minha vida de deslocamentos constantes. E ela funcionava, ela me empurrava para frente, ela foi capaz de se manter como uma trilha incansável durante todo este tempo.

Uma breve descrição da peça é fornecida no Wikipedia. Não vou descrevê-la por hora, mas apenas disponibilizá-la no blog.

A música está disponível na versão inaugural ao vivo em apenas 12 minutos no site do artista. No Youtube é possível ouvir a música integralmente em uma versão razoável parcelada em meia dúzia de vídeos. Existe uma série de grupos que já a executam pelo mundo e alguns DJ's e compositores de música eletrônica já lançaram também as suas versões. Eu aconselho comprarem o CD, principalmente a versão húngara, mas quem quiser pode baixar a música completa clicando aqui: > baixar <

3 comentários:

  1. Olá,

    Ouvi a versão ao vivo do site e sabe que achei bem legal. Muicho doida, mas bem interessante.
    Bjs Caia

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  2. Caia,

    já que começou a gostar, porque não baixa a versão integral? vale a pena, pois vai te fornecer mais prazer durante muito mais tempo. você verá que a escuta é mais fácil do que imaginou a princípio.

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  3. A primeira vez que ouvi Steve Reich foi num motel, e fui arrebatado por aquela misteriosa paisagem sonora, depois dos arrebatamentos amorosos mais familiares.
    O que tornará essa noite memorável, para sempre.
    Era Three Movements.
    Depois, de volta à vida normal, não sosseguei enquanto não descobria quem era o autor e, é claro, acabei me apossando de alguns cd's.

    Parabéns pelo site.

    PS.: Estou neste momento terminando de legendar um documentário sobre Glenn Gould, e precisei encontrar uma tradução para o termo Tone Rows, referente a Webern. Ainda não encontrei, mas já valeu a parada por aqui.
    Continue o blog.

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